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Introdução

Este artigo é o primeiro de uma série de testes que faremos para encontrar possíveis alternativas de componentes e circuitos para essa versão do motor Keppe.

Essa série tem como objetivo principal simplificar o design, e potencialmente reduzir custos na construção do motor.

Os testes serão feitos com algumas topologias possíveis de circuito e também com versões utilizando diferentes materiais (bobinas de cobre e alumínio).


Quanto custa construir esse protótipo?

O protótipo abaixo têm 3 componentes principais:

  1. Estator (bobinas)
  2. Rotor (4 pólos, com 16 ímãs de neodímio com dimensões de 22mm x 3mm)
  3. Circuito de controle

Esse protótipo foi construído em duas versões, uma com bobina de cobre e outro com bobina de alumínio. Os custos estimados foram:

Os componentes que estão nessa conta são:

  1. Impressão em 3D da estrutura do motor: R$ 12,50
  2. Fio esmaltado para as bobinas: R$ 34,10 e R$ 16,10 (cobre e alumínio respectivamente)
  3. Imãs de neodímio: R$ 192,00
  4. Eixo: R$ 25,00
  5. Rolamentos: R$ 6,00

O circuito de controle não foi incluído no valor final, mas pode ser relevante dependendo da topologia.


Teste 1 - Circuito com uma única chave eletrônica (MOSFET)

Este teste vai avaliar se essa topologia é confiável pra uso.

Nos motores pulsados, quando a alimentação de energia elétrica para a bobina é desligada, há um pico de voltagem muito alto, o que pode acabar danificando a chave eletrônica.

Nos MOSFETs, esse risco é de certa forma mitigado pelo próprio componente, que tem na sua construção um diodo para corrente reversa. Porém, dependendo da potência a ser dissipada, é possível sim que o componente se danifique permanentemente.

Esse pico de voltagem, se não dissipado, também gera um ruído audível no motor.

Normalmente se instrui a utilizar o chamado diodo de roda livre (flyback diode) em paralelo com a bobina do motor, o que faz com que esse pico seja dissipado na própria bobina. Porém em motores pulsados (dependendo da configuração do rotor) a fase geradora do motor faz com que se tenha praticamente um curto circuito na bobina em parte do ciclo de rotação, fazendo com que o motor perca velocidade.

Outra alternativa é colocar uma certa capacitância em paralelo com a bobina, com isso o pico de voltagem é atenuado. Essa é a solução que vamos testar. A quantidade de capacitância vai depender das características da bobina.

O MOSFET utilizado no teste foi o K2645.


Ambiente de teste

O ambiente em teste é composto pelo motor e por uma hélice de 30 cm de diâmetro.

Setup

Setup

Setup

Vídeo rápido mostrando o ambiente.


Placa de desenvolvimento

A placa de desenvolvimento contém:

  1. Circuito de chave única.
  2. DC-DC Step Up para testes em diferentes potências (máximo 96,5VDC).
  3. Controle de potência (variação de voltagem) aplicada no motor.

Board

Esquema do circuito de controle

A figura abaixo mostra o circuito de controle. O sensor de chaveamento pode ser um sensor óptico ou um sensor hall. Para este teste, usaremos um sensor óptico.

Board


Motor com bobina de cobre

Características elétricas:

Esse motor foi dimensionado para trabalhar com voltagens entre 60 e 120VDC.


Resultados

O teste foi executado do início ao fim, ou seja, o motor ficou ligado durante 50 minutos ininterruptamente.

Cada linha de resultado foi obtida com o motor em funcionamento durante 10 minutos.

Potência x temperatura

A temperatura ambiente foi constante, por volta de 24,3°C.

Voltagem (V) Corrente (A) Potência (W) Temperatura (°C)
60 0,07 4,2 25,3
70 0,08 5,6 25,9
80 0,10 8,0 26,5
90 0,11 9,8 26,8
96,5 0,12 11,5 27,7

Potência x velocidade

As linhas abaixo mostram o desempenho do motor com essa topologia.

Voltagem (V) Corrente (A) Potência (W) Velocidade (rpm)
60 0,07 4,2 852
70 0,08 5,6 975
80 0,10 8,0 1098
90 0,11 9,8 1194
96,5 0,12 11,5 1260

Considerações finais

Essa topologia simples se mostrou confiável referente a possível danificação da chave eletrônica por conta de um sobre aquecimento.

Essa topologia não tem nenhum mecanismo de segurança contra excesso de corrente, o que sempre é desejável. Isso poderia ser implementado com algum tipo de componente passivo, como um fusível, por exemplo. Em testes futuros podemos fazer algumas melhorias.

O circuito é muito simples e tem poucos componentes, tendo menos pontos de possível falha.

Vale ressaltar que os testes foram executados em uma potência abaixo do máximo que o motor pode funcionar. Mais testes em potências maiores e por longos períodos de tempo devem ser mais conclusivos.


Dúvidas?

Em caso de dúvidas, sinta-se à vontade para me contatar.